Na
avenida, a direito, a cena é um terno e eterno clássico. Passa, tangente, uma Vespa conduzida por um rapaz com óculos
de sol da marca badalada de então. Um menino de família da linha, das que nos
remontam para os tempos em que se albergava uma certa realeza refugiada.
Exílios. A viver à sombra e dos rendimentos de uma classe. Já a Vespa ia longe, a curvar para a paisagem
que atrai para a região, quando, ainda na avenida, parado num carro estilizado,
amarelo, estava quem interessa. A fumar devagar um imponente cachimbo. No pulso
que antecede a mão que lhe pega, está um relógio de marca. Pousada no lugar do pendura,
a sua castiça Polaroid. Uma mania que
correu para a regra. Observar enquanto brinca com o seu pequeno luxo. Num carro
amarelo, bitches. Nunca prestou
atenção ao desinteressante. E fogem-lhe as ideias para o rapaz da Vespa. O neto. O avô nunca lhe contou.
Posto isto, o neto imaginou. Na avenida, num carro amarelo, de óculos escuros,
relógio no pulso de sempre, um cachimbo segurado, uma paisagem rica, uma Polaroid a descansar, uma Vespa a voar. Um som do rádio a soar,
leve, fresco e sensual. Não levem a mal imaginar. Inovador, senhor.
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