Diz
a sabida canção e não deixa mentir, toca o telefone a toda a hora. Era uma
procura que vem de fora. Na rua a direito, para a frente é o caminho. Fogem as
chuvas sem parar. Fica o frio que não perdoa. Intervalo para a conversa de
situação. Encontros do novo ano. Dizem as línguas afiadas de gosto pela palavra
que não sossega, que a comunhão entre os corpos vive da atracção, por demais,
efectiva e sincera. Há gostos, assim como, amores que vêm por bem. Bravos
trajectos e arranjinhos que duram um cento. Contou-me um conhecido que vive de
vazios afectos. Muitos e diversificados. Ora procura por satisfação do ego mole,
ora não escolhe, aproveita a surpresa. Contou-me esse conhecido que não tem
idade para se dedicar. Porventura, aconchegar com tempo ou casar. Não sabe
contrariar, somente descobrir e aproveitar. Escolhe, avançou, o carro para a
conquista. Chegou o ponto, vai trocar. De companhia que, por ora, azedou. De
carro que, neste horário, é sala de estar e dele cansou. Tu sabes bem, disse-me
ele, uma mulher escolhe, somente, conforme a oferta. Não sei, retorqui. Não sei
mesmo. Desavindo devo andar com essa madeixa do género feminino. Feliz, a
mente. Voltou a verdade da cantiga, toca o telefone a toda a hora. Toca, toca.
Aproveitei, a conversa terminei. Segui caminho, na mesma rua a direito. Depois
da chamada, decidi parar. Novo ano, velhos hábitos. Sentei-me e escrevi. A ver,
da esplanada fria, gente a passar.
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