24.3.16

Reunião de gente boa.

Imagino Mozart a irromper, numa sinfonia completa. Entre vinhas vistosas e verdejantes. O soalho é terra de verdade, pisada pelos senhores sabedores e pelos analfabetos da situação. Corredores e mais corredores, tantos sem fim. Imagino galerias, que por ser lerdo, permito-me inventar e largar na mais profunda errata. As folhas têm toque de rainha abismada. E os cachos são límpidos e certos. O ambiente compõe-se, assim, ao jeito de uma sequela da sétima arte. Devolvemos a passada e é acontecimento de verdade. O horizonte é infinito e perdemos a herdade de vista. De costas para a quinta, imaginamos o norte, que os olhos já não alcançam a arquitectura esbranquiçada adornada com a pedra escura. Vamos ao jeito da vontade e da curiosidade. Conhecer e, se possível, aprender. Lá em cima, logo à chegada, um copo servido com o vinho que ganha fama de qualidade. O mote para aguçar a necessidade de saber mais. A convite de uma amiga, agora senhora erudita da vinicultura, lá fomos à descoberta. Lamento, sempre que o vinho partilha a atenção da refeição, não saber mais sobre os processos empregues na sua feitura, assim como, na evolução que o desenvolvimento da qualidade vem sofrendo. Foram, com certeza, umas horas de excelsa convivência e aprendizagem. A suficiente, espero, para não me perder numa próxima. A mesma amiga, cicerone de serviço, impecável na sua posição, foi-nos falando da actualidade. Desmente os rumores, não admite casamento. Largou tudo na cidade, o noivo, a apatia e a infelicidade. Pensar que esta jovem mulher fora, em tempos, vítima de uma relação absolutamente nefasta. Embora, recusasse o semblante lutuoso, foi, a dada altura, perceptível o mal que vinha causando. Física e, por demais, psicologicamente. Agora, brindámos ao sucesso, à vinha rainha e ao amor-próprio. De copos bem servidos, ao alto, rimos de muito. Neste instante, oiço Mozart e não me engano. A música de grau elevado favorece o guião. A ti, ao vinho bom e ao amor que é libertador. Cheers!

2 comentários:

  1. Real!!!

    Engraçado enquanto viajava "contigo" pela descrição da vinha e do ambiente e dos cheiros e sabores....de repente fui surpreendida pela parte final...e ei-lo... o amor...
    primeiro a libertação do des_ e depois.....o amor libertador....
    o contra-senso tão digno....
    engraçado como o amor, que nos prende a alguem, nos liberta!!
    E agora, não sendo Mozart, deixo-te isto: https://www.youtube.com/watch?v=ea2WoUtbzuw
    beijinhosss e boa pascoa

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    1. Entas,
      É fraco o embarque de que o amor comanda. Contudo, não há volta a dar. Seja quem for, onde for, com ele vai cruzar-se. Mesmo que negue ou negligencie o óbvio.
      A vinha é, por certo, um cenário tão mais pitoresco. Por seu turno, na esquina mais inócua, o amor acontece e tece das suas :)
      Agradeço a partilha. Já ouvi e tornei a ouvir. Havemos de desenvolver o tema música ;)

      Um beijo.
      Até já!

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