Ora
um beijo, ora um aperto de mão. Agora outro beijo, mais dois ou três. Ainda um
aperto de mão a consolidar a lista. Não são esquecidos os bons dias matinais e
habituais, bem como, os acenos de mão e os sorrisos simpáticos. Assim corre a
manhã. Que se fez longa. Tão madrugadora que se vingou na dor de cabeça que vem
pesando. Não a censuro. Retaliação de gente mal dormida. Antes das oito da
manhã já o seu carro datado, tão vistoso, procurava lugar. Vem de barba rija e
cuidada. O cabelo a combinar. Vem a praguejar, de folhas na mão, cansado do
arranque do dia. Rir é a resposta. Vamos embora. Não fazemos esperar. Há gente
a correr no sentido inverso. Levam calções ou calças curtas. Casacos largos
sobre o corpo ou presos à cintura. Ténis cheios de cor e outros que não servem
as modas. Os ouvidos ligados ao telemóvel. Os olhos no infinito. O foco no
limite. Uma senhora passeia o cão pequenino, lá à frente vem um rapaz com um
quatro patas bem matulão. Numa varanda bem alta alguém gesticula como se o
púlpito do mundo residisse ali. E tem graça. As flores estão arranjadas, com
bom ar. Vem lá outro cão, desta vez, à sua sorte. Nós seguimos em passo
combinado, trocando ideias e proseando sobre muito e acerca de coisa nenhuma,
que somos rapazes para não poupar o léxico. Chegados, ele roça o ofegante e
volta ao praguejo. Lembrei-lhe que já perdemos a conta aos dias que passaram
desde a última actividade física que fosse além de uns passos. Entre
gargalhadas, inventámos que vamos voltar esta semana. Assim se enganam os
tolos. Tal como o saber, as desculpas mundanas não ocupam lugar. É tão certo
como a barriguinha quase saliente que trazes contigo, meu bom amigo. Somos
recebidos com extrema simpatia e, imagine-se, outro par de beijos.
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