26.2.15

Ainda sem data para arrancar.

As borboletas no estômago já não fazem sentido. Ou outro bicho bamboleante qualquer. Ou noutra zona tão ou mais digna para receber a ansiedade. Estúpido é como me sinto enquanto escrevo estas palavras. Ouvi-las é bom, mas sinto o contrário. É o tempo da contradição. Quem espera, desespera e é tão certo. Semana de expectativas. De respostas que tardam. E, em sorte, respostas que mudam vidas. Ainda assim, tenho cautela quando me falam em vidas alterar. Não acredito logo. Nem a seguir. Volto à teoria das borboletas em desuso e em como aquelas palavras me encheram a cabeça. Quando as ouvi, há dias, da boca de uma pessoa que admiro e tem gana no trabalho que faz e na vida que escolheu. A ansiedade não consome sem medo. Antes, com medida e peso. Como na aldeia, de medidas certas, o feijão seco do vizinho e o grão da dona Ermelinda Sarapintada. Ouvi, também há uns dias, um senhor de mãos gastas a falar-me da Sarapintada. Vendedora de aldeia. Carregava sempre os pesos e as medidas. Valente de balança às costas. E volto à conversa anterior. Dizia-me, com segurança nas palavras e convicção nos sentimentos, que não se lembra da ansiedade no corpo. Talvez, nunca tenha conhecido as borboletas interiores. Mas tem receios. Sabe, contudo, amedrontá-los. Vive bem com isso. E, pensando bem, não escolheria as borboletas. Toldado pelas formas tão bem definidas, ficar-me-ia por uma volta na Vespa da cor do chocolate.

4 comentários:

  1. Ter borboletas faz parte da vida...ninguém é forte o suficiente para as ignorar o tempo inteiro. São as decisões importantes que nos definem. Mas na realidade só progredimos quando saimos da nossa zona de conforto e não há maior sinal que isso que borboletas na barriga

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    1. Tal e qual, Nada.
      Eu sou dos que padece, portanto, sou forçado a acreditar que as borboletas ou outro bicho qualquer, fazem parte. Uma espécie de compromisso com o dever e o fazer. Evitando um putativo abalo na masculinidade ;)

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  2. Gosto de ter borboletas na barriga. Dá-me vontade de arriscar, um dos verbos que mais gosto de usar. É assim que carrego vontades, com borboletas na barriga. E adoro senti-las.
    um beijo :)

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    1. Havemos de nos habituar às visitas, mais ou menos, afoitas e duradouras desse bicho tão independente. Até em nós.
      Arriscar é, entre outras, uma valente palavra de ordem e, ainda mais, um valente verbo quando colocado em prática.
      Um beijo, Raquel :)

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