Agora
que tenho um chapéu, lembro-me melhor. Um triz de brincadeira, mas afaga o
ânimo e a coragem de levá-lo para fora de portas. Como no fim-de-semana
passado, que passei pela terra sossegada e de encantos inesgotáveis. Durante
largos anos, houve uma palavra que me fez companhia. Não me saía da cabeça. Quantas
vezes me assaltou as ideias. Não sei bem porquê, devo tê-la ouvido algures. Era
ainda uma criança. Depois, procurei saber a definição. Li nos dicionários, nos
livros de relatos históricos. Perguntei aos que estavam à minha volta. Serviu
para dar descanso à curiosidade. Fui, ao longo do tempo, ouvindo-a aqui e ali,
sem lhe dar outra importância. Jamais esqueci a definição. Mais tarde, muito
antes de ser adulto, percebi que era palavra que ofendia. Também quase nessa
altura, percebi as questões que viviam do lado dos que se mostravam ofendidos.
A palavra não importa. Revela relevância, antes, o acto. Não tenho culpa, mas
sou agradecido pela formação que recebi e por, genuinamente, me preocupar com o
outro. Seja quem for, como for. Mesmo que me apelidem de privilegiado e acusem
de ter vivido e de viver no lado bom. Não sei o que é isso. Mas não hesito, em
nenhum instante, se acreditar. Passa o tempo, evolui a sociedade, mas mentes há
que não se mexem. O lamentável mundo actual. Se invertermos a tendência, no
caminho do progresso, tirar-lhes-ei o chapéu.
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