30.1.18

Não adianta retirar em debandada.

Sentámo-nos na relva bonita, sobre as pernas trocadas. Desafiando a agilidade, temendo desarticular as articulações. Mas tudo bem. Sentámo-nos sem preceito, mas de feição. Com o sol a ferver no rosto, a queimar a pele um tanto franzida, a melindrar os olhos e a afagar os corpos inertes. Mas tudo bem. Sentámo-nos sobre a relva húmida, quase molhada, com os nossos melhores jeans. E eu, imaturo, com os meus mais recentes ténis. Mas tudo bem. Fixámo-nos, ora nos nossos rostos, ora em pontos menos fortes. Às vezes certos, outras feridos pela luz certa e pela miopia dos nossos dias. Mas tudo bem. Falámos sobre as nossas vontades, os nossos projectos e as nossas trivialidades. Ainda dos nossos defeitos e das nossas trôpegas acções. Mas tudo bem. Rimo-nos de felicidade, de lágrimas livres e de estômago aflito. Do presente e do que se fez passado. Mesmo que tenha sido pesado. Mas tudo bem. Pegámos na máquina fotográfica analógica e inventámos os movimentos, as caras e os desenhos. Soubemos depois, ficámos saudavelmente ridículos, caricatos num bom par das fotografias. Mas tudo bem. Decidimos o que havia de ser o jantar, o lugar e o vagar. Desistimos por amor aos nossos, recém-chegados e ansiosos por largarem num frenético discurso, discorrendo sem paragens. E monopolizando o ecrã com os milhares de fotografias que vêm para recordação. Mas tudo bem. Se o nosso destino for, entre outros, também este, encontrámos a comparação do clima. E só pode estar tudo bem.

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