28.2.14

Vinte e duas horas e vinte e dois minutos.

O enquadramento é o requinte de saber quem é, de saber quem sou, de saber quem somos. Querendo, dava destaque à tela cuja pintura inteira vinga em toda a parede. Mas não consigo. Também, não sou o mais entendido na matéria. Do tecto caem lustres deslumbrantes. Ainda assim, difíceis de roubar a atenção. Mas absorvo-me nela. Nos cabelos compridos, à solta, a cobrirem-lhe parte do busto. O rosto brilhante e maquilhado. As jóias sóbrias e discretas. O olhar que me cruza. As pernas cruzadas entre a bainha do vestido e os saltos altos. A postura que, em tudo, converge com o esqueleto do discurso e do pensamento. Estava a olhá-la e fiquei a pensar no quão me influência os pensamentos e os sentimentos. Não os baralha. Antes, une-os e excita-os. No melhor do sustento de ambos. Como me tolda a escrita e protagoniza a raiz de onde me inspiro. Sempre. Desde que nos deixamos conhecer. Por ela, para ela. Estava a olhá-la e, por fim, não restaram dúvidas. Faz sentido.

2 comentários:

  1. metade das nossas histórias são os nossos pensamentos...o resto completa-se com o dos outros...e assim faz sentido

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  2. Nada,
    Gostei dessa definição. É uma verdade irrefutável. Somos partes. Uma somos nós por inteiro, a outra somos nós com os outros. Faz sentido, sim :)

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