Deram,
algures na história, um papel malfadado ao amor. Por força, avanço eu, do
desamor que lhe segue. Ainda que nunca se lhe conheça a definição. Do amor que
foge ao ritmo da dormência e do desamor que rebola no sentido de um frenético
quintal de urtigas. Ou as múltiplas acções. Tão trôpegas e disfuncionais. Se
pararmos para pensar, o amor pesa. Felizes, os que amam sem razão. Vivem a
emoção e o humor da relação. Não é uma escolha, é a coerência da necessidade de
gostar e viver. Falar do amor é custoso. Tira a alma e deixa nódoas. O desamor
lembra-nos que a outra pessoa, sem dar por isso, faz falta. Como me contava um
amigo meu, que tem a mania de andar pela manhã. Na melancolia da madrugada.
Partilha esse prazer com outro. Ouvir música ao vivo. Foi esse o defeito.
Terminou uma relação de longos meses há menos de um. Qual palmadinha nas
costas, vingou-lhe o discurso da infinita boa disposição e a métrica de quem
não se melindrou. Mas, e contra mim falo, macho ferido define estratégias, mas
nunca se guarda preparado para a queda da bengala. Ele terminou, em desabafo,
assumindo que lhe doía a ausência dela. Também nas noites em que, juntos e
dinâmicos, sentiam a música. E ainda partilhavam mais do que o corpo. Respeito,
é o que se pede. Homem que não grita, não é, inevitavelmente, o mau da fita.
Sem comentários:
Enviar um comentário