É
Dezembro a caminhar. Chega o primeiro do mês e logo de festa se veste. Se
vestem. As casas, as ruas e as pessoas. O espírito toldado pela luz da ocasião.
Desde sempre, desde que tenho memórias, ainda petiz de vontades travessas, que
me lembro de ouvir que este é o mês das festas. Todo um período de trinta e um
dias em amena e alusiva festividade. É natal em cada esquina, feliz a época que
vive da alegria da criança traquina. Cá em casa, também dessa altura, ficou a
tradição de decorar a árvore sempre no mesmo dia de Dezembro. Não foi excepção.
Houve, algures, um emaranhado fio luminoso no meu soalho. Um pinheiro e
pormenores. Tantos detalhes, quantos a época exige. É natal, senhores. Guardei, numa rede
social deste tempo, para mais tarde recordar. Contrario-me em cada gesto, mas é
o natal a solicitar. Temos, assim, uma árvore decorada a rigor, pensada ao
pormenor. Alguém se ocupou das velas pintalgadas pela divisão, as mantas de
decoração. Trocámos o emaranhado luminoso pelos presentes que recebemos e ofertamos com
gosto. A mesma escolheu os temas de fundo, a banda sonora que reivindica para o
quotidiano da vida. A sala é o ponto privilegiado. Como noutros tempos. Os vidros
húmidos, as telas perfeitas. Desenhos da época, as ilusões eleitas. A consoada era
o pretexto ideal para um número elevado de companhia. A mesa composta, fiel aos
costumes e ao bom gosto. A cozinha num rodopio. A lareira, lá ao fundo, queimando lenha, o
fumo gastando-se lá fora. A família junta, fazendo muitos reunidos. Temos
conversas sem fim, damos destaque às histórias contadas e sabidas de cor, tão
repetidas se fizeram. É natal, senhores. Inevitavelmente marcam-nos a falta de membros
importantes e sem substituição. Uns ausentam-se por agora, outros para sempre.
É Dezembro, chega o fim do ano. Repetir-se-á, novamente, no próximo ano. As
histórias também. Vozes e presenças falhadas. Que nos faltam. É natal e,
aproveitando-o, partilhamos pessoas para sempre ausentes. É natal, estamos
presentes.
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