Despertar
com os pingos da chuva. A calçada portuguesa não conhece comédia ou drama. É
tapete de passagem, segundo a segundo. Ainda se vestem as ruas de lojas
bonitas, de negócios pujantes. De gente nova, com o empreendedorismo efectivo,
as ganas nos actos. A determinação a fluir-lhes na mão, as ideias a fugir-lhes
pela boca. A confiança nas pessoas. De norte a sul. Os insulares também. É o
português preferido e perfeito. Menina bonita, de trejeitos desenvoltos,
aperfeiçoando e enaltecendo a montra da livraria. Um cartaz ao centro chamava a
atenção. Certamente, não tanto como a prodigiosa rapariga. Tchaikovsky soa.
Talvez, naquele fugaz instante, seja a variação e a melhor comparação. É uma
travessa sossegada. A sul situada. Os livros arrumados. A escolha musical parece
despropositada. Como a tatuagem que espreita pela gola de lã grossa.
Perguntou-lhe quem tem coragem. É uma gaiola civilizada. Resposta esta, tão
inusitada. Com licença, que não percebemos a palavra dita. Não se cansou e o
significado explicou. Uma gaiola larga, de fio fino, sem porta ou cancela, por
nada nem ninguém caber nela. Regista-se, assim, a informação mais simples.
Sejam bem-vindos, fiquem à vontade. Não se sugestionem por capas ou títulos.
Escolham autores e temas da vossa verdade ou da mentira que querem conhecer. Eu
sou a Alice. Desenhei a gaiola e ofereci-lhe a liberdade. Sugiro uma volta à
sala. Hoje é um excelente dia para guardar um bom livro. Para escolhe-lo e
debaixo do braço levar. Com conteúdo superior ao velho jornal que serve para o
peixe fresco embrulhar.
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