28.1.15

Mulher que tem cabelo avermelhado e conteúdo com elegante recheio.

Acordar cedo é conhecer mais e melhor. Tomas uma bebida quente, aqueces as mãos. Olhas à volta e, afinal, o cedo foi antes. Há gente a viver as ruas com luz nacional. Rapariga de tranças curtas. De madeixas iguais. Rapariga de cabelo da cor das chamas. Da brasa bamboleante. Não é essa, é outra. À antiga já lhe conhecemos os jeitos, os trejeitos e o feitio desavindo. Agora, há outra ruiva. De cabelo entrançado. Quase parece um fogo real, no meio da rua. No centro sob o sol de inverno. Frio e agasalho, camisa de outro design. Rapariga bonita, de vestimenta pomposa. Havia de gostar da loja de que me falaram há uns tempos. Em Londres, nas feiras de rua, nos armazéns da cidade. Achados bons, escolhas felizes. A ruiva rapariga tem uns óculos de sol vintage e, pasmo-me, lembram-me uns da minha mãe. Desenho actual, lembrança de outro tempo, um qualquer em que as lentes grandes e as armações empinadas fizeram moda. Qual diva celeste, de ruivos fios. O casaco grosso pelos ombros, a denuncia de um sol que aconchega. Passam pessoas à volta. Não chamam a atenção. Ela vem de passo firme, de corpo que sabe mexer. Absorta, vai olhando à volta. Mergulhada, decerto, nos pensamentos que fluem. Chegou, aproximou-se. Cumprimentamo-nos. Bom dia, ruiva rapariga. Bom dia, apetecível rapaz, respondeu-me.

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