Aquele
momento não é demência, não. Fica entre nós, bastam-te as preocupações
mundanas. Temeres opiniões, enquanto relatas, sem me conheceres bem, uma
infância e adolescência tão amedrontadas. Uma adulta cheia de nervos e
desgostos. Questões a que não assistes responderem de forma válida. Amanhã,
possivelmente. Hoje, talvez. Ontem, impossível. De forma despejada de condescendência,
procrastinando, sem mazelas. Até que, de olhar atento, uma alma boa te abana.
Te sacode sem pruridos, sem rodeios ou receios. Para acordares da anestesia
fria da apatia e inércia diárias. Porque, desenganem-se, folclores
preconceituosos, carregados de ‘pré-conceitos’
adulterados, procrastinar vai muito para fora da preguiça e do desleixo.
Prende-se, infinitas vezes, com o vazio, a angústia e a dor interior. Da dor,
nasce a tristeza e indolência características. Da dor que existe e persiste,
invisível. Da dor que cresce sem por isso darmos. Se, a tempo, não nos fazermos
notar, avançando a nossa mão. Ou, se do outro lado, não chega uma mão cheia. O
apoio. A alavanca que escasseia. Heróis, banda desenhada à parte, não existem
por aí. Recusem a ilusão. Todos, sem excepção, precisamos. Até quando
disfarçamos. Ludibriamos. Desenganem-se, felizes desconhecedores da dor
interior. Da dor dos outros. Porque, depressão não é moda ou, tão pouco, hobby de circunstância. É uma doença. E,
felizes os que dela nem ouvem falar. Depressão é maior. Menores os que não
entendem. Por não sentirem o que os outros sentem. Ontem, não fizemos. Hoje,
não mudamos. Amanhã, estamos sempre a tempo. Sempre. Para sempre.
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