Lamentavelmente,
os convites já não vêm em carta fechada, com o endereço certo e o nome do
destinatário com todas as letras. Sem erros, nem ausentes letras. Por fim,
entregues em mão. Hoje em dia, vêm por bem, mas na força proporcional ao
quotidiano desta gente invertida. O rio pode ser a passadeira perfeita. As
palmeiras que abanam ao sabor do vento, enquanto dão um toque de paraíso à
esplanada, podem, perfeitamente, ser bailarinas de serviço. Mas de qualidade.
Não têm beleza no nome. Os caixotes de lixo, tão disfarçados, podem ser pratos
imaculados de uma bateria. Os sofás que vemos no interior, numa putativa referência
vaga às elegantes zebras, podem ser um qualquer piano de cauda. O funcionário,
que nos atendeu com a postura correcta, contudo caída em desuso, de braços no
lugar, podia, sem mazelas, ser um actor de uma película branca e negra. O sol
que nos apanha não tem comparação. Éramos quatro à mesa. Um deles, um puto com
graça. Levantou uma questão, que não tem resposta e da qual falarei em breve.
Outra, uma mulher que conhecemos no acaso. Simpática, católica praticante e
defensora dos grupos e de uma sociedade em definição constante. Posso ter-me
enganado, mas foi o que me passou. A terceira pessoa, olhando-me nos olhos,
atiça-me com – Quem diria que havíamos de estar numa esplanada, a esta hora,
numa segunda-feira, a tomar algo. – É verdade, ninguém. O tempo não acalmou.
Gastamo-lo sem dar por isso. Agora é um novo dia e chove copiosamente. Bad girl, bad girl.
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