A
aprendiza de coisa nenhuma - Não é mentira, ai não, não é. Conta-se um conto,
acrescenta-se um ponto. Voltas e voltas dadas ao redor da verdade escrita e da
língua portuguesa a sentir, de boca em boca. Como no tempo das Marias de nome,
hoje vale mais o acrescento do ponto, do que o próprio do conto. Fica triste, a
verdade escondida. Aldeias pequenas, gente grande. Ou o inverso, mas é timidez
no ardor de preferir não dizer. Ainda me lembro de se ouvir falar da Rita.
Daquele lugar distante. Maria Rita de nascença, que ao grito maior se lhe
despediu o primeiro nome. Rita ficaria daí em diante. A Rita, de novo nome, de
lá para cá, não se importa. Nem com o bem maior, nem com o mal menor. É-lhe
semelhante. Tem a mesma medida. Não quer saber. Quer a vida que lhe calhou,
logo depois do primeiro nome que não vingou. E subia as paredes grossas, os
muros que seguram como raízes. De saias leves, colocava os rapazes num chinelo.
Repetia a expressão de neta aprendiz. Ria alto e comia amoras silvestres.
Corria com pressa e sujava as vestes. O tempo mudou, a Rita não aguentou e
partiu. Perdeu os tiques e a conversa de quem, por vontade e educação, lhos
ensinou. Largou com a mesma pressa com que corria sobre a terra solta. E, certo
dia, voltou o nome primeiro. Maria Rita, a doutora que não desiste do combate.
É um caso concreto, desenho de um conto que não tem fim, nem perde
protagonistas. É uma correria de trocas. Triste, a verdade escondida. Cruzam-se
as medidas. Perdem-se as Marias. Quem conta um conto, por certo e, tantas vezes
sem pensar, acrescenta um ponto. Ou dois, ou três. Porventura, uns cinco como
conta numa mão.
Também faço parte dessas Marias, de primeiro nome. Praticamente ninguém sabe disso porque desde sempre me chamam pelo segundo, só.
ResponderEliminarIsso de acrescentar um ponto, ao contar um conto, é certinho direitinho. Parece que as histórias deixariam de ter tanta graça se assim não fosse. :)
Mam'Zelle Moustache,
EliminarÀ minha volta também. As Marias existem e algumas fazem, inclusive, por não se saber. Valem-se do segundo nome. Embora, o nome tenha vindo a ganhar terreno novamente.
Os contos fazem parte do imaginário. Mesmo que acabes de ouvi-lo agora mesmo. Parece, assim dita a história, que nem seria possível passar palavras sem lhes dar um toque pessoal. No fundo, um autor em cada um de nós. Se é que é possível.
:)