Mostraram-me
um esboço de um trabalho criativo, para que eu opinasse. O que quer que eu
diga, vale o que vale. Não vou para além da minha sensibilidade e da forma como
reajo perante aquilo que me apresentam. Vejo e espero uma reacção. Ou gosto e
digo, ou não gosto e digo. Certamente, em sendo a segundo opção, procuro escolher
com outra maturidade a justificação. Se quisermos, é uma simplicidade inquinada,
mas mais polida. Sem qualquer desprimor para o autor. Que a subjectividade não
se ausenta. Sempre válida. Neste projecto em concreto, ainda mal o tinha visto
e logo me lembrei dos azulejos e da sua importância na génese nacional. Conheço
quem guarde azulejos em casa. Fá-lo por convicção. Não os apanha algures,
aproveita todos os que lhe chamam a atenção. Prende-se a eles, e guarda-os para
si. Não os traz da rua, escolhe-os ainda na parede. Uma casa antiga, tanto
quanto julgo saber, uma casa com muitos anos, de família. Daquelas grandes, que
um dia inteiro não chega para contar o que e quem por lá passou. Salões antigos,
janelas grandes, um jardim que tem condições para suportar uma casa daquelas.
Alguns andares, alcatifas por todo o lado. Lareiras em materiais nobres. As
paredes cobertas e gastas. Quadros, mesas fortes, bancos de pele e candeeiros
requintados em cada divisão. Vão dar inicio às obras. Manteve, felizmente,
alguns painéis. Outros, inevitavelmente, teve de pedir para retirar. Vai nascer
dali, tenho a certeza, uma vida nova. Porque a pessoa que guarda os azulejos em
casa, é a mesma que os defende, conhece e lhes oferece alimentação e modo de
viver. Volto à criatividade num esboço. É forte e tem um lado simples, dignificando
a intuição. Guia-nos para uma certa verdade singela. Para mim, é não desistir.
Que, sinceramente, simpatizei com a evolução. Do meu lado é fácil. Gostei.
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