Não
me perguntem onde tenho a cabeça. Que tenho-a em muitos lugares. E, para não
mentir, teria de recorrer a citações de um livro de um dos grandes, dos autores
nacionais que escreveram com pedaços de coisas quebradas. E dividia, sem defeito,
a autoria. “Livro do Desassossego”. Não me lembro da última vez em que peguei
numa bicicleta. Literalmente. Admiro-as e quero aquela. Idealizei-a primeiro,
depois fui encontrando bocados dessa ideia numa ou noutra com que me fui
cruzando. O todo está perfeitamente construído na faculdade do meu pensamento. Vejo-as
em revistas bonitas, em quadros de arte maior, em cartazes que me fazem parar e
em fotografias que me fazem sossegar. Perco-me, se não for um exagero da
definição, em lugares online que
mostram a mesma bicicleta em lugares diferentes, correndo o mundo. Outras, em
que o mesmo sítio vê passarem as mais diversas e desconexas. Um certo dia, algures
na adolescência acabada de começar, num passeio a três, eu e mais dois amigos,
num terreno tão maninho, caí sem definição. Uma descida mal calculada. O resto
já se sabe. Mas não foi nesse tempo que desisti. Hoje repito instantes. Paro,
se achar apropriado, para fotografar uma bicicleta. E espero, sem pressa, pelo
dia em que ela vai chegar. A sala da minha casa pode ser o horizonte. E, sem
prejuízo, deixá-la lá ficar.
Quando era pequena, adorava andar de bicicleta. Ainda gosto, mas já não recorro a esse pedalar para me sentir livre, como fazia quando era pequena. Lembraste-me desses momentos em que fugia de casa dos meus avós para andar de bicicleta perto do mar, com o sol a bater-me na cara. E, numa altura em que sinto falta desses momentos, essa lembrança fez-me bem. :)
ResponderEliminarUm beijo*
Raquel,
EliminarSempre tão conexa nos pensamentos e na desconstrução do sensato. E isso, deixa-me dizer-te, agrada-me bastante. Admiro profundamente. Parece incoerente, mas é perfeitamente harmonioso. Vivê-lo será ainda mais prazeroso.
Obrigado pela partilha. Os avós serão sempre uma espécie à parte. Não têm espaço na tal gaiola, tal a dimensão. E ler-te sobre a liberdade que procuravas no pedalar junto ao mar, com o ar a atiçar-te, lembra-me tantas coisas.
Lembrar é fundamental e nunca é demais :)
Um beijo.