14.5.15

Sonho ou outro termo qualquer.

Paolo Conte canta ao ouvido, enquanto as escadas de sempre são o elevador que prefiro não subir. Estou a rir-me desde manhã, como se fosse possível. Mas mantenho um sorriso na cara e não é mais do que o meu instinto e o meu intelecto, se capacitados para funcionar em simultâneo e em convergência, a dar-me sinais. A falar comigo. A conversar e a partilhar opiniões. Há um tempo, não tão distante quanto isso, perguntaram-me, num tom mais afirmativo do que questionador, se eu sonhava alto. Devo ter respondido qualquer coisa que já não me lembro. Mas sonho. Vou sonhando e em diferentes escalas. Sempre, e isso é essencial, de acordo com as minhas convicções. Sonho ser capaz de realizar sonhos. Criá-los de raiz, numa folha em branco ou num qualquer lugar onde a minha verdade e disponibilidade sejam precisas. Sonho, se não abusar nos metros em que me coloco, escrever sobre a fantasia, as ideias que permanecem guardadas neste espírito. Com o intuito nada banal, mas pouco modesto, de fomentar o sonho no outro. Talvez, influência de um ou outro enredo bem escrito. Como no tempo em que as novelas eram lidas com gosto. Já nem lhes dão esse nome. A minha irmã mais velha guarda algumas, muitas sem saber. Na verdade, o gosto dela pelos livros encerra-se na vontade de os comprar e de os saber ali, em querendo lê-los. E, em não me esquecendo, volto à sua espécie de biblioteca. De preferência, sozinho. Continua a soar Paolo Conte ao ouvido e na secretária, entre outras entretenhas, uma novela das antigas.

2 comentários:

  1. Pois que ao que os sonhos diz respeito, não estamos equiparados, tu e eu. :p
    Não sonho. Nunca fui de sonhar. Sempre me achei estranha por causa disso. Depois, acabei por me habituar. Tenho tantas outras coisas estranhas que mais uma não faz grande diferença.

    (estou a falar do sonhar acordado de que falas. agora, a dormir, costumo sonhar. nem sempre me lembro mas sei que sonho.)

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    1. Mam'Zelle Moustache,
      Ora, logo agora que já havia começado a contagem de uma putativa paridade entre uma miúda que não se resigna e um tipo que é real e, ainda assim, desprovido ;)
      Sabes, parece contraditório, mas durante muito tempo julguei que não sonhava. Porventura, não me permitia sonhar, mas sonhava sem pensar. É um atentado o que acabo de escrever, mas é um qualquer tempero da minha possível sanidade melindrada. Talvez por isso, sempre tenha encontrado mais graça nas pessoas estranhas. Mas, entendo-te. Sonhar acontece. Não procuras. Digo eu.

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