O
Felipe não quer casar. Não é uma questão de tempo ou de vivências. É peremptório.
Sempre que o assunto é casório. Repete-se, quantas vezes se multiplicam as
questões. Verdade lhe seja entregue, não baixa a capacidade de voltar a sacudir
as letras, formando-as resposta. Afirma, de mão passando na barba desfeita, e
pelas linhas do rosto, acentuadas pela nudez, que casar não é ser-se. É
estar-se. Ele não é muita coisa. Sabe que está muitas outras. Por outro lado,
entende-se incapaz de gostar muito tempo. Não saberia viver, suportando alguém,
num longo prazo. Sempre o soube. Escassos os namoros longos. Apreciou, sem
forçar, os relacionamentos efémeros. O casamento, ilusões desfeitas, não é para
ele. Diz, de expressão suportada na voz e com ar displicente, que para o homem,
casar é ceder o lugar. Há homens que se desfazem desde tenra idade. O Felipe
não esconde a desmedida relação e atracção pelo lugar primeiro. Pelo vazio da
enganada liberdade. Pelo papel principal, não fossem a expressão e o conteúdo
foleiros. Seja com este, seja com outro. Nome, fictício ou de certidão.
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