12.10.15

Apogeu figurado.

A sala compõe-se ao nível da certeza de querer bem receber. A música presente, as luzes a passar e as velas ao centro. Na folga da comemoração, tempo há para a conversa e a devida reflexão. Os palmos, até certa idade, são grandeza. Desejas medir com a mão, uma e outra vez, até chegares ao resultado final. Os passos, daí até outro tempo, são a validade da medição. Do pequeno carro vermelho de brincar até à fachada sem fim da casa onde moras. Não pensas nisso, mas tudo é enorme. Falava com o petiz do lado e tomei-lhe a graça das palavras. Pertinentes, num português correcto e variado. Largou um lamento sentido, a música de fundo é perfeita para dormir, tão chata lhe parece, a mesa é tão comprida, o bolo é maior do que a vontade de comer que, eventualmente, todos juntos pudéssemos ter. Continuava, lembrando-me que a força da nossa animação estava a perder-se. Rimos muito, aplaudimos outro tanto, falávamos pelos cotovelos. São as horas a passar, como entende ele, petiz cansado pela agitação do dia longo. Somos uma réplica dos loucos. Foge-nos a efusiva erupção da convivência. E nem damos por isso. Amanhã acordamos, as horas teimaram em não esperar. Tudo mudou, até aquele imponente relógio ao fundo da sala. Tão menor, que parece outro. Não arrisques chegar-lhe perto e medir de novo. A desilusão nunca esquece, pior ainda, nunca falha. Guardo a saudade de acreditar que, em subindo ao cume daquela árvore, hoje perfeitamente normal, à época monstruosamente grande, ficaria tão perto do céu. Do palmo e meio ao passo de gigante está tudo. Um aplauso para isso.

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