Soa
“Ain’t no sunshine” numa versão
admirável e é coincidência. Sinto-lhe a pele fria, notoriamente afectada pela
brisa e pela temperatura a baixar. Um arrepio que se vê. Partilhámos a mesma
praia vezes sem conta. Nas manhãs quentes, nas tardes de verão sem fim e nas
noites longas. Dividimos o quotidiano num tempo contado. Nos dias frescos, nas
semanas ocupadas e rápidas. Nos meses largos, nas horas sentidas. Rimos muito e
em voz alta. Lembrou-me a palavra risada e nunca mais a perdi da ideia. Desvendou
alguns pormenores, li-lhe nos lábios algumas certezas. A atracção e a admiração
na mesma conta. Promessas vãs, maturidade inútil. O corpo tão bonito e a cara
perfeita. Os cabelos a bailar. Sob o luar, a luz certa no mar, falámos em voz
reduzida. Partilhámos o corpo. Contámos segredos e pensámos em poesia. Os olhos
claros tinham vergonha, as mãos desenhavam o pensamento. Prendeu-me a atenção.
E levou-me pela mão. Ensinou-me a beleza, ocupou-me a cabeça. Partilhámos
paixão e paixões. Olhei, desde então, para o elefante com outra perspectiva.
Animal de eleição, simpatia para a vida. Encontrei, há instantes, a fotografia
perfeita. Havia de lha enviar, não fosse a sorte fugir-lhe. Esse tempo já lá
vai. Ficou a terna e infinita amizade. As mensagens na altura certa. Muitos
elefantes para logo, é o que desejo. Tão grandes e imponentes quanto a sorte
que sei que te está reservada. Precisamente hoje, que acontece o que já me
havias contado e sabias tão certo lá atrás.
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