Cumpre-se
a semana com um jantar. Absorto, toco no ecrã. Sem pensar. Devolvo a prosa
possível, desdém entendido, nervo de sal. Picante agreste, rosa-dos-ventos na
pele. Literal, assim. Percebo o amor, a confusão da interpretação. Chamam-me
pelo primeiro nome, seguido do segundo. Gabo-lhe a tatuagem, o bom gosto e a
coragem. Se não me atraiçoa a memória, devo ter, algures, um telefone. Daqueles
negros, bem robustos, cuja rodela ao centro conta os algarismos. E deixa
brincar. Uma volta, depois outra. As voltas de que me lembrasse. Se não me
roubaram a memória, estava lá atrás, tão distante quanto a minha infância. No
recinto, entre o corredor e as escadas largas. A seguir à porta de entrada. À
frente da imponente porta do escritório. Mesmo defronte para a janela enorme,
de vidro limpo, de jardim a espreitar. Daquelas vistas que roubam as palavras.
Que o quotidiano belisca a relevância. Gatunos perfeitos. A dar atenção à mesa
de uso próprio. Madeira forte, cadeira agregada. O espelho gigante, o quadro
que lembrava um elefante. Um dia, uma jarra partida. Pequeno curioso, fartei-me
de nela pousar. O telefone era a razão para ali ficar, uma e outra vez, a fazer
de conta. A inventar. O dedo escolhia um número. Outro e outro.
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