7.4.16

Autêntica cegueira moral.

Bem petiz, aventurei-me no golfe. Tampouco consigo avaliar como é que me deixei levar. Uma certa sobranceria da idade, avessa a desordens que nada me convenciam, batia de fronte com uma outra. A sobranceria de menino bom e de bem aplicar-se nas letras e contas, ajustar-se na cordialidade de ser um bicho social e de comprometer-se com o desporto. Fui longe noutra modalidade, uma vez mais, sem pensar. Nessa, apliquei-me com vontade. Fui desprovido de pensamento, fui sempre na vontade de chegar mais à frente. Ganhei medalhas, títulos e louvores. Para despromoção do que escreve, ganhei sempre ao nível do que me permiti competir. Sempre nivelado pelo campeonato dali. Nunca fui campeão de coisa alguma, sempre jogador nas horas desprendidas. Valeu pela aprendizagem. E, sem desprimor, para a labuta física e intelectual. Nisto andei até ao dia em que, nitidamente, a justiça não morava no lugar certo. Não adianto prosa, por dela não ser merecida. Volto ao mote. Sujeitei-me à ventura. Experimentei o golfe. Os termos e os ensinamentos sem fim. Éramos três. Eu e mais dois amigos. O professor já o conhecia de outros afazeres. O taco certo, a posição enfadonha. Esmoreci ali. E, outra vez, questiono-me como é que permiti ali chegar. O professor era sabedor, aplicado e não deixava de repetir. Até ao dia em que, a comande de superiores, a nós juntou-se um outro miúdo. Da nossa idade, inspirado. Ao contrário de nós, pelo golfe entusiasmado. Apercebi-me, logo cedo, que a atenção dispensada era amplamente díspar. O novo companheiro de golfe vinha ao abrigo de uma instituição. Portanto, sem mensalidade. Bem petiz, aventurei-me no golfe. Não fui além das três aulas. Porque, já naquela idade, a altivez descompensada, já me incomodava. Não sou boa pessoa. Sei bem disso e não proclamo o contrário. Contudo, em tempo algum, hei-de de compactuar com mimetismos de gente acéfala. A sociedade morre aos bocados. Se não a remendamos, perde-se para sempre. Ontem, volvidos estes anos, ouvi alguém relatar, em sofrimento, o preconceito para com a neta. Não interessam os motivos. Caduca um pouco mais a validade da sociedade sempre que alguém não acede ao que lhe pertence. Ao que, por direito, é dela. Marcam-se pessoas. E os imitadores de coisa alguma seguem em frente. Neste caso, falece a crença numa sociedade que convive em harmonia. Já em petiz pensava. O seu a seu dono. Para o bem, assim como, para o mal.

2 comentários:

  1. Real..... não me parece de todo que sejas má pessoa! essas eu teimo em manter a maior distância possivel... bom.. bem sei que isto é virtual e estamos a bastantes gigas de distancia.
    Não perecbo nada de golf...e suspeito que a minha queda para esse desporto seja idêntico ao do schwarzenegger para o ballet..... :)
    Não gosto de rótulos como sabes...embora a nossa sociedade seja toda ela cheia deles....vejo boa e má gente em todo o lado..
    Provavelmente esse instrutor perdeu ali um Golfer promissor....não tu...looll mas o tal menino ;)
    Beijinhosss

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Entas,
      Já levas de avanço o facto de me fazeres rir. Da primeira à última linha. Que do Schwarzenegger em pontas à minha total ausência de jeito e paciência para a modalidade, não sei qual a mais risível.

      Admito, não serei má pessoa. Antes, se quiseres, não sou melhor que ninguém. Não tenho essa presunção. Sinceramente, acho-me um tipo porreiro, com convicções e vivências que me toldam e levam por um troço que, sem modéstia, me pode ajudar a fugir do termo. Envolvo-me, sempre que possível, dos melhores. Quantos bem melhores do que eu. Vou tendo essa sorte. E dos outros, sempre que capaz, deixo-os à margem.
      Não estamos tão longe, se pensarmos no que vamos trocando aqui e ali :)

      Também afasto quaisquer rótulos. Aplica-se neste contexto, porque foi o ambiente em que vivi esta situação. De resto, noutros ambientes como neste, vou conhecendo gente altamente altruísta.

      Provavelmente! E, felizmente, que não fui eu ;)

      Um beijo.
      Até já!

      Eliminar