Sentámo-nos
na relva bonita, sobre as pernas trocadas. Desafiando a agilidade, temendo
desarticular as articulações. Mas tudo bem. Sentámo-nos sem preceito, mas de
feição. Com o sol a ferver no rosto, a queimar a pele um tanto franzida, a
melindrar os olhos e a afagar os corpos inertes. Mas tudo bem. Sentámo-nos
sobre a relva húmida, quase molhada, com os nossos melhores jeans. E eu, imaturo, com os meus mais
recentes ténis. Mas tudo bem. Fixámo-nos, ora nos nossos rostos, ora em pontos
menos fortes. Às vezes certos, outras feridos pela luz certa e pela miopia dos
nossos dias. Mas tudo bem. Falámos sobre as nossas vontades, os nossos
projectos e as nossas trivialidades. Ainda dos nossos defeitos e das nossas
trôpegas acções. Mas tudo bem. Rimo-nos de felicidade, de lágrimas livres e de estômago
aflito. Do presente e do que se fez passado. Mesmo que tenha sido pesado. Mas
tudo bem. Pegámos na máquina fotográfica analógica e inventámos os movimentos,
as caras e os desenhos. Soubemos depois, ficámos saudavelmente ridículos,
caricatos num bom par das fotografias. Mas tudo bem. Decidimos o que havia de ser
o jantar, o lugar e o vagar. Desistimos por amor aos nossos, recém-chegados e
ansiosos por largarem num frenético discurso, discorrendo sem paragens. E
monopolizando o ecrã com os milhares de fotografias que vêm para recordação.
Mas tudo bem. Se o nosso destino for, entre outros, também este, encontrámos a
comparação do clima. E só pode estar tudo bem.
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