20.10.14

O amor tem uma imagem em cada vivência.

Quando era bem petiz, desenhar nos vidros pálidos da humidade era entretenha de momentos mortos. Fazíamo-los vivaços e soberbos. Obrigávamos, se preciso, a base de quem queria desenhar, a ficar tal e qual necessário. O inverno parecia que entrava no jogo. Por isso, a sazonalidade trazia a lembrança. Não sei ao certo, porque me lembro disto agora. Na verdade, antes de começar a escrever, pensava na realidade que um amigo me contou. Está longe, algures nos meandros de um país, embora, europeu, com oportunidades guardadas. Mas esse é o lugar, que aqui é um pormenor de somenos. Ele contava-me que o amor era uma estratégia inútil. Por mais que inventes e organizes as tuas vontades, misturar-se-á sempre o descalabro do que guarda o teu corpo. O corpo pode tomar a condução da entretenha, em detrimento, claro, da vontade de uma cabeça insegura e pouco capaz de gerir, a partir da base, uma convicção. E continuou no desfio das questões que lhe vêm roubando tempo. Não cedeu, por entender que assim devia ser. Havia, contudo, um corpo a provocar. O seu. Porque as relações terminam. É o caso. Agora, dizia-me ele, não se arrepende de ter castrado a aflição de ir mais longe no ânimo que o corpo lhe oferecia de quando em vez. Questionar-se, por seu turno, melindra-lhe a dor de ter gostado. Perguntou-me, por fim, a minha opinião. Era grande o suficiente para não lha dar por escrito. Pequena, porventura, capaz de se resumir a silêncio. Sinceramente, não importa o que lhe disse. Mas uma coisa é certa, nos tempos e/ou momentos mortos, havemos sempre de ter outras soluções. Ainda que, em algum momento, nos possam ter parecido tão rudimentares.

2 comentários:

  1. Não podia concordar mais contigo e com aquilo que escreves de coração cheio. O amor é mesmo diferente, consoante quem o veste. E, para mim, é isso que o faz especial. :)

    Um beijo

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  2. Raquel,
    Obrigado! Sempre.
    No amor não há regras. Tão certo como voltarmos, se preciso for, a desligar a atenção e viver da emoção. Uma e outra vez. :)
    Um beijo.

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