Quando
era bem petiz, desenhar nos vidros pálidos da humidade era entretenha de
momentos mortos. Fazíamo-los vivaços e soberbos. Obrigávamos, se preciso, a
base de quem queria desenhar, a ficar tal e qual necessário. O inverno parecia
que entrava no jogo. Por isso, a sazonalidade trazia a lembrança. Não sei ao
certo, porque me lembro disto agora. Na verdade, antes de começar a escrever,
pensava na realidade que um amigo me contou. Está longe, algures nos meandros
de um país, embora, europeu, com oportunidades guardadas. Mas esse é o lugar, que
aqui é um pormenor de somenos. Ele contava-me que o amor era uma estratégia inútil.
Por mais que inventes e organizes as tuas vontades, misturar-se-á sempre o
descalabro do que guarda o teu corpo. O corpo pode tomar a condução da
entretenha, em detrimento, claro, da vontade de uma cabeça insegura e pouco capaz
de gerir, a partir da base, uma convicção. E continuou no desfio das questões
que lhe vêm roubando tempo. Não cedeu, por entender que assim devia ser. Havia,
contudo, um corpo a provocar. O seu. Porque as relações terminam. É o caso.
Agora, dizia-me ele, não se arrepende de ter castrado a aflição de ir mais
longe no ânimo que o corpo lhe oferecia de quando em vez. Questionar-se, por
seu turno, melindra-lhe a dor de ter gostado. Perguntou-me, por fim, a minha
opinião. Era grande o suficiente para não lha dar por escrito. Pequena,
porventura, capaz de se resumir a silêncio. Sinceramente, não importa o que lhe
disse. Mas uma coisa é certa, nos tempos e/ou momentos mortos, havemos sempre
de ter outras soluções. Ainda que, em algum momento, nos possam ter parecido
tão rudimentares.
Não podia concordar mais contigo e com aquilo que escreves de coração cheio. O amor é mesmo diferente, consoante quem o veste. E, para mim, é isso que o faz especial. :)
ResponderEliminarUm beijo
Raquel,
ResponderEliminarObrigado! Sempre.
No amor não há regras. Tão certo como voltarmos, se preciso for, a desligar a atenção e viver da emoção. Uma e outra vez. :)
Um beijo.