10.11.14

Lixam-nos os filmes e as bengalas.

Deram, algures na história, um papel malfadado ao amor. Por força, avanço eu, do desamor que lhe segue. Ainda que nunca se lhe conheça a definição. Do amor que foge ao ritmo da dormência e do desamor que rebola no sentido de um frenético quintal de urtigas. Ou as múltiplas acções. Tão trôpegas e disfuncionais. Se pararmos para pensar, o amor pesa. Felizes, os que amam sem razão. Vivem a emoção e o humor da relação. Não é uma escolha, é a coerência da necessidade de gostar e viver. Falar do amor é custoso. Tira a alma e deixa nódoas. O desamor lembra-nos que a outra pessoa, sem dar por isso, faz falta. Como me contava um amigo meu, que tem a mania de andar pela manhã. Na melancolia da madrugada. Partilha esse prazer com outro. Ouvir música ao vivo. Foi esse o defeito. Terminou uma relação de longos meses há menos de um. Qual palmadinha nas costas, vingou-lhe o discurso da infinita boa disposição e a métrica de quem não se melindrou. Mas, e contra mim falo, macho ferido define estratégias, mas nunca se guarda preparado para a queda da bengala. Ele terminou, em desabafo, assumindo que lhe doía a ausência dela. Também nas noites em que, juntos e dinâmicos, sentiam a música. E ainda partilhavam mais do que o corpo. Respeito, é o que se pede. Homem que não grita, não é, inevitavelmente, o mau da fita.

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