20.4.15

Podes fazer o que quiseres.

Voltei a cruzar-me com a Joana. Pode, para já, não fazer sentido. Mas ela divertia-se imenso e rodava com as emoções com a facilidade com que escondia tudo e inventava como se vivesse faminta. Era menina de cores certas e queria, porque queria, ser capa de revista. Mudava a cor do cabelo e desmentia as evidências, porque queria à força, mostrar que era loira natural. Tão lógico como o afago de algumas manias. Há uns tempos atrás, as casas de banho influenciavam a escolha do espaço. Uma amiga limitava as saídas em grupo com os seus conhecimentos do equipamento sanitário vizinho. Imagina um balcão, uma sala escura. Um bar que já conheceu tantos donos quantos os dias que um mês conhece. Já foi ponto de encontro, já foi lembrança de última hora. Quando já não restava outra hipótese. Válida, pelo menos. No verão passado voltámos uma ou duas vezes, no máximo. Uma alteração ou outra no espaço. Uma rapariga gira a servir ao balcão. Outra sentada à conversa enquanto era servida. Uns quantos tipos de pé. Sentamo-nos. Risada fácil, conversa com memórias. As bebidas sempre a girar. Nisto, enquanto a líder da decoração (vulgo amiga limitadora de escolha) ia confirmar se o roxo mantinha-se na parede, do balcão oiço um olá seguido do meu nome. Afinal, a jovem sentada ao balcão era a Catarina. Cumprimentei-a e trocámos algumas palavras. A servir no escuro, continuava a loira simpática. As noites entre amigos não fazem sentido se não voarem. De regresso da casa de banho, a amiga que encerra restrições, lamenta a troca do roxo pelo vermelho. Diz, não combina com os espelhos. A culpa, continuou, só pode ser da aspirante a actriz de novelas da meia-noite. A Joana era a miúda gira a servir no balcão. Lamento sempre o meu pouco jeito para memorizar algumas coisas. Não me fez confusão a Joana ter virado menina do bar. Gostei, isso sim, de vê-la ainda mais gira e simpática. Noutros tempos, era um sufoco estar sempre à espera do momento em que, ficcionando um desmaio, se jogava ao chão. Grande Joana, o vermelho sempre te ficou bem.

2 comentários:

  1. O que importa é que estejam bem!!
    No bar, nas obras, desde que seja honesto!! e ser-se honesto é tão raro hoje em dia...
    Beijinhos Real!!!

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    1. Nos Entas,
      Precisamente. Preconizo o bem-estar, a verdade e a honestidade. De outra forma, é um recuar constante. Quando, na verdade, o que se pretende é a evolução e a dignificação. Ora, em nada, um balcão de um bar deve seja a quem for. E onde for.
      Beijinhos.
      Até já!

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