20.5.15

Idiossincrasia do comum mortal.

O terror acontece. Ameaças vender a alma, apenas e só, com a esperança de que esse fogo, por ora quase extinto, regresse e com as chamas vivas te queime até à alma. Porque é o pensamento que não te dá descanso. Dás crédito porque, teimas com a maior força e insistência e acreditas com piedade que não sabes viver de outra forma. Rasgas fotografias que tinham tomado lugar de honra e espaço de qualidade na decoração, partes este ou aquele objecto. Violas tudo aquilo em que acreditaste até aqui. Ela passa a mão pelo cabelo comprido. Sorri e leva o copo à boca. O amor não tem outra coisa, senão data de validade. Um total de horas, minutos, segundos. Viveste, cada uma delas, cada detalhe deles, à tua maneira. Mesmo que neste instante, tudo se assemelhe, por demais, a um enredo característico de telenovela. Geres a dor ao sabor do Instagram onde a outra parte insiste em mostrar vida e coloca uma fotografia em que te cortou. Era a memória de uma viagem boa. O amor quando chega ao fim tira humanidade. Contudo, não rouba dignidade. Estava a ouvir-te relatar os últimos momentos dessa relação, cara amiga, e só te pude parabenizar no momento em que me dizes que bateste com a porta. Metáfora batida, mas convicção na medida certa. Só fiquei feliz por ti nesse momento porque, como vieste a admitir, esse não foi o método final da relação. Foi, bem sabemos, toda a relação. Baralha as emoções, joga outra vez. Tal como o terror, o amor também acontece. Beijo. Cheers!

2 comentários:

  1. Nunca fui de rasgar fotos e deitar lembranças fora. Talvez, também, por nunca ter vivido um desses amores avassaladores como se veem nas novelas que não vejo.

    Essa de 'o amor não ter outra coisa, senão data de validade' é que me lixa. Talvez por isso nunca me ter permitido amar desenfreadamente. É que, como cheguei a confessar num post, só lido bem com a dor física. Com a outra, acredito que fosse mais complicado.

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    1. Mam'Zelle,
      Para mim, para o meu feitio e respectivas reacções comuns, também não faz qualquer sentido rasgar fotografias ou destruir seja o que for, apenas, porque fez parte de uma época que partilhamos com outra pessoa. E, agora, já não acontece. As novelas, aqui, são uma clara alusão ao desamor sem âncora.
      A dor física, também estou de acordo, é brutalmente mais fácil de lidar, mesmo que não a consigas controlar. Porque estanca no corpo. A outra, em acontecendo, precisa de mais acções e reacções. Nunca terás o poder total.
      O amor é lixado. E isso, ninguém pode negar ;)

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