Desconfio
que me canso, a passos largos, de algumas conversas, até de posturas. Um tanto
inócuas e frívolas, outro tanto desonestas e até sádicas. Mesmo que carregues
um sumo que sustenta a ideia e a necessidade de limpar o corpo. Uma revista de
nome pomposo na outra mão, uma maçã na algibeira e outra num saco que tem as
iniciais estampadas. Assim se faz a corrida matinal do contratempo. Ou é acaso.
Que, com prejuízo, relegas para outras horas a limpeza do tronco humano. Se
acreditares, da alma também. Ainda agora demos o primeiro passo do dia, já vai
ameaçando cansar. Chegas e ouves vozes baixas, passos leves e cafés nas mãos.
Sorriem com a facilidade de um manequim dentário. Devolves, se o senso te
permitir. Na pausa maior, há almoço marcado. Levas a maçã que não te deixa
sossegar, os óculos de sol elegantes, o casaco bonito e o perfume preferido.
Somos uns quantos, alguns nunca vi. Avançamos numa conversa com passo, tema
livre. A paixão de uns, o desamor de outros. Levam-se, estes ritmos, à ficção
da exaltação. Que a vida cospe, mas não há como mudar certas vicissitudes.
Neste barco, adiante até ao despique da tagarelice. O sexo oposto chama a
atenção. O trabalho efectivo ou o desejado em cima da mesa. O olhar atento para
com os refugiados. Aqui, ganha espaço o indouto. Não replico se não for caso
disso. Se não se aprouver de importância o ser que vocifera alarvidades. Ao fim
do dia, com tudo em caminho da pausa. Ganho a certeza de que me venho cansando.
De determinadas conversas e de gente salobra. Dá-se a sorte de me rodear de
pessoas boas. Uma certeza destrói o putativo. Mesmo que irrompa inopinadamente
no nosso sentido.
Sabes, cada dia que passa me deparo mais com essa dificuldade... de encontrar realmente gente que nos faça bem, gente que mereça estar no nosso "mundo", gente sã que nem sumo de laranja pela manhã, gente que acrescente .....
ResponderEliminarCada vez mais vejo a inversão..... gente que nos tira.... que nos invade, que nos utiliza consoante o seu défice vitaminico....
Estarei eu a ficar descrente?
Sûrement!!!
Beijinhos real!!
Entas,
EliminarBonita descrição, permite-me dizer-te ;)
Do sumo de laranja à vitamina que falta, fico-me pelo poder da primeira :)
Avançando, perde-se muito, por seu turno, ganha-se outro tanto. Perder a tolerância à alarvidade alheia não é necessariamente mau. E conseguir pensá-lo e verbaliza-lo com toda a coerência e sensibilidade é óptimo. Hei-de aprender.
Estaremos, no fundo, muitos de nós a perder essa crença.
Beijos.
Até já!