13.3.14

Café da manhã.

A janela fica sempre a descoberto. Não cerra as portadas, porque lhe roubam mais sol do que o pretendido. Não usa cortinas porque desmaiam a luz. O despertador, contava-me, toca sempre no momento mais inoportuno. No instante contado em que o melhor da metamorfose acontece. Em que, estendido na cama de todos os dias, avesso na postura, o corpo cede tempo. Eleva-se-lhe, disse-me tal e qual assim, eleva-se-lhe o espírito e entra numa zona possessa, rítmica, desconstruída, sexuada, pujante e descontraída. Sem artimanhas banais. É possível. Acontecem-lhe, com frequência, os sonhos que lhe excitam a mente e o corpo. E nem precisa de sexo ficcionado no cardápio. Reduzir excitação e prazer ao sexo teórico, não compensa. É travestir. E, tudo volvido e vivido, são horas de levantar. Guardou a memória. Mas não esquece. Não consegue esquecer que, até no sonho, ficou pela metade. Entendes, perguntava-me enquanto o açúcar fugia-lhe das mãos, antes de envolver e casar com o café. Vou-me embora.

2 comentários:

  1. é tão verdade...
    eu não sonho muito...ou raramente me recordo quando acontece...
    mas já me aconteceu ser acordada a meio de sonhos, uns bons aos quais não consigo retomar o "gosto"...aos maus até agradeço a melodia que me acorda todos os dias ;)
    E viver...não é tantas vezes sonhar...acordado??
    Beijinhosssss :))

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  2. Entas,
    É, não é? Ele disse-me isto usando-se do mais sincero dos discursos.
    Viver é permitirmo-nos sonhar com o que quisermos, quando quisermos. Sem recear seja o que for ou quem for.
    Há sonhos e sonhos. Uns agradecemos o despertar antes do final ;)
    Beijinhos.
    Até já!

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