Um
clássico. Na avenida, a direito, a
cena é um terno e eterno clássico. Passa, tangente, uma Vespa conduzida por um rapaz com óculos de sol da marca badalada de
então. Um menino de família da linha, das que nos remontam para os tempos em
que se albergava uma certa realeza refugiada. Exílios. A viver à sombra e dos
rendimentos de uma classe. Já a Vespa
ia longe, a curvar para a paisagem que atrai para a região, quando, ainda na
avenida, parado num carro estilizado, amarelo, estava quem interessa. A fumar devagar
um imponente cachimbo. No pulso que antecede a mão que lhe pega, está um
relógio de marca. Pousada no lugar do pendura, a sua castiça Polaroid. Uma mania que correu para a
regra. Observar enquanto brinca com o seu pequeno luxo. Num carro amarelo, bitches. Nunca prestou atenção ao
desinteressante. E fogem-lhe as ideias para o rapaz da Vespa. O neto. O avô nunca lhe contou. Posto isto, o neto imaginou.
Na avenida, num carro amarelo, de óculos escuros, relógio no pulso de sempre,
um cachimbo segurado, uma paisagem rica, uma Polaroid a descansar, uma Vespa
a voar. Um som do rádio a soar leve, fresco e sensual. Não levem a mal
imaginar. Inovador, senhor.
Imaginar nunca fez mal...mas há vespas e polairods que não colmatam umas quantas faltas...nem que seja de personalidade =P
ResponderEliminarNada,
ResponderEliminarGostei do apontamento e da provocação ;)
É um facto adquirido, que os bens materiais não se sobrepõem, em tempo algum, à personalidade de um indivíduo. Contudo, reconheço que há algum preconceito com uma certa burguesia.
Conheço bons rapazes que têm vespas e polaroids. Conheço, também, os que as têm e não valem nada.