De
costas voltadas para a atenção. De fronte para a janela escancarada. Lá em
baixo, a cidade quente. Os primeiros dias de sol que se sente. Do braço
elegante, exaspera uma tatuagem. Tão bonita, como enigmática. Quase impossível
de entender. Deve ser uma tela. A arte, muitas vezes, leva tempo a conhecer e a
compreender. Demora. As costas magras e despidas. A mala a imitar as da moda. O
mesmo braço que carrega a tatuagem, eleva-se e oferece a mão ao carrapicho,
desarranjado que enaltece a cabeça. Na outra mão, depois do relógio prateado, um
casaco que, por ora, não faz falta e um iPhone.
Já tirou fotografias ao que se vive lá fora. Veste um descontraído-chique. Como
já ouvi e li por aí. Parece distante, continua somente o brincar da mão com o
cabelo. Largou, então, o balanço entre madeixas e pousou a mão nos ferros de
moldes datados que protegem a varanda. Virou-se, por fim, para a atenção.
Sorriu, de jeito tímido. E passou a mão pelo rosto. Os cartões de visita são
falsos. Ou errantes, se preferirmos. Porque findam na antestreia. Não mostram
pitada. Não chegam à exibição final.
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