30.4.14

São coisas confusas.

De costas voltadas para a atenção. De fronte para a janela escancarada. Lá em baixo, a cidade quente. Os primeiros dias de sol que se sente. Do braço elegante, exaspera uma tatuagem. Tão bonita, como enigmática. Quase impossível de entender. Deve ser uma tela. A arte, muitas vezes, leva tempo a conhecer e a compreender. Demora. As costas magras e despidas. A mala a imitar as da moda. O mesmo braço que carrega a tatuagem, eleva-se e oferece a mão ao carrapicho, desarranjado que enaltece a cabeça. Na outra mão, depois do relógio prateado, um casaco que, por ora, não faz falta e um iPhone. Já tirou fotografias ao que se vive lá fora. Veste um descontraído-chique. Como já ouvi e li por aí. Parece distante, continua somente o brincar da mão com o cabelo. Largou, então, o balanço entre madeixas e pousou a mão nos ferros de moldes datados que protegem a varanda. Virou-se, por fim, para a atenção. Sorriu, de jeito tímido. E passou a mão pelo rosto. Os cartões de visita são falsos. Ou errantes, se preferirmos. Porque findam na antestreia. Não mostram pitada. Não chegam à exibição final.

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