2.5.14

A classe de ser quem é.

Domingo próximo é dia da mãe. Até lá, por razões várias, faltar-me-á espaço para parar e pousar por aqui. Por estes dias, porque o sol e a moda assim o ditam, os óculos de sol da minha mãe, de matriz vintage, são uma das suas imagens de marca. São elegantes, tolerantes, mas atrevidos, ao jeito de uma qualquer diva de cinema e pejados de identidade. Assemelham-se à sua gargalhada fácil. À forma despretensiosa de viver o que lhe apetece e como lhe serve de interesse. Contudo, é infinitamente dotada dos seus predicados. Sabe gerir e gesticular opiniões. Perde-se quando a emoção toma de amarras a razão. Não tem vocação para males maiores ou menores, contudo, vive-los sem entender. Mas dispõe-se naturalmente para ajudar o outro. Não precisa que lhe justifiquem, ajuda somente. Vocação é a palavra maior quando falamos da sua posição de mãe. Fá-lo por e com amor, requinte, convicção e vocação, não tenho qualquer espécie de dúvidas. Hipotecou um tanto da sua experiência e oportunidades, por amor a uma família que havia de chegar. Vive um casamento por amor. Uma família, desde sempre, tradicional. É atrevidamente doce e impulsiva no seu linguajar. A gargalhada é conhecida e reconhecida pelos que lhe querem bem. É, porventura, um ou mais passos à frente, no que à educação que recebeu à época diz respeito. Não rasgou a tradição, mas rompeu com estigmas do itinerário feminino. É feliz em tanto. Parte desse tanto, são os três filhos. Esta manhã, ainda cedo, convidou-me para a acompanhar numa ida às compras. Numa loja fora dos centros comerciais, próxima da avenida, que frequenta com alguma regularidade. Pediu-me opinião como se fosse fundamental. Anui, mas não me canso de lhe repetir que prefiro, sempre, vê-la ao seu gosto. Sorriu-me, como de costume. Acabou por comprar a peça que recebeu o nosso consenso. Terminamos, de óculos de sol pousados, os dela junto aos meus, a tomar o pequeno-almoço, como noutras sextas-feiras. Felizes como sempre. A conversa nunca esgotamos. A minha mãe é sempre mais do que parece. Sempre! Vou, no domingo, de viva voz desejar-lhe o melhor dos dias e que se mantenha daí em diante. Um beijo, mãe. Até já!

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