É,
apenas, um apontamento literal do que acabei de ver. Daqueles pormenores e
momentos que guardaria, descritos, por tempo indeterminado, num dos meus
cadernos, de capa vigorosa, negra ou azul forte, de elástico a forçar o segredo.
Sobre a calçada portuguesa, está um casal a fotografar-se mutuamente. Em poses
várias. Em emoções diferentes. Em expressões atraentes e atractivas. Imitam um
género de dança. Coordenada à mercê da vontade que os acompanha e sugere que se
procurem. Ali mesmo, no centro da cidade. A calçada portuguesa aos pés. O rio,
se imaginarmos, ao fundo. Um monumento, que é uma cidade, num espectáculo que,
sem convite, merece apontamento. Há quem viva para lá dos murmúrios e lamentos.
Se, por um acaso, os guardasse para lá da memória e dos rabiscos elaborados,
através da minha máquina fotográfica, guardá-los-ia a cores. Esquecia o preto e
o branco, por ora. Guardava-os, num apontamento, tão colorido. E continuaram,
depois de eu dar costas, sobre a calçada, a mímica de se fotografarem. Não sei
se é amor, mas disfarça tão bem.
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