A
Margarida é a memória e as lembranças de infância. De uma infância feliz e fornecida
de tudo o que nos balizava a felicidade, daquela época em que por mais que a
cronologia nos falhe, não perdemos a identidade de outros tempos. Ela é a
descoberta da capacidade de gerir, ainda que não se aperceba, a educação
centrada e espartilhada de uma família típica daquela região, com a azougada
necessidade de se imiscuir com o restante. É tímida e intrometida em
simultâneo. Fala de jeito suave, mas ri com sede. Escolheu que as amizades não
têm nivelamento. Escolheu, ainda no tempo em que não se media, não ludibriar
factos. Senta-se com quem for. Conversa com quem lhe oferecer palavra. Temos,
precisamente, a mesma idade. Crescemos desde lá atrás. Desde a altura em que as
varandas do andar superior das nossas casas se olhavam de frente. Hoje em dia
pousa para as câmaras fotográficas. De pernas esguias e compridas, o décor a
rigor, a ventoinha sem parar, o cabelo de um tom castanho mel a esvoaçar. O
vestido da cor que não gosta, mesmo que lhe chame vermelho ao invés do
encarnado de outras lides. Os saltos altos de uma marca de influente atracção.
A pose intuitiva. Os flashes na frente. O rosto maquilhado e luminoso. Neste
instante é tão real como quando despe o vermelho, abandona os saltos altos, lhe
desligam a ventoinha e despede-se da objectiva. Porque, acredite-se ou não, há
sempre quem não recue no momento de fazer a diferença. Boa sorte!
Que bonito texto! Descreve na perfeição alguém que se vê com o coração. :)*
ResponderEliminarRaquel,
ResponderEliminarMuito obrigado pelas tuas palavras. Tal e qual, é o coração que comanda o resto, se não fugirmos do todo. Quando nos marcam pelos melhores motivos e memórias, só conseguimos estar-lhes de atenção no coração :)