Dizem-nos,
a conjuntura social e os clichés, que já não se escrevem cartas, seja por que
motivo for. Guardou-se, algures, o hábito de escrever em papel, de caneta em
punho, as palavras que, verdadeiras ou não, passavam mensagens. Impediam, porventura,
que se deixasse para depois. Fazendo a ressalva, claro, do período entre o
envio e a recepção. Enfim, questões sociais à parte, aproveito o escrito
fechado e a data de hoje, tão importante, para deixar correr prosa. O léxico,
daqui em diante, pode confundir-se e parecer vulgar, mas é sentido e ajeitado
pela vasta gama de sensações. Longe vai o tempo em que nos conhecemos. Lamento,
sempre, o facto de a minha memória ser afoita e, por isso, fugir-me amiúde. Não
encontro precisão em tudo o que ficou para trás. As datas preferem oferecer-lhe
companhia, à memória, e, assim sendo, deixam-me longe de chegar às ocasiões.
Algumas, por certo. Gabo-te, inevitavelmente, o teu jeito seguro de opinar
sobre tudo, de arriscar numa vida diferente, de seguir por caminhos distantes
do óbvio. Gabo-te, igualmente, o sentido de humor timbrado e apurado, a ousadia
que imprimes na série de palavras que deixas fugir faladas. São características
que imortalizam a imagem que todos, sem excepção, guardam de ti. São pedaços do
que, enfim, todos encontram em ti. Tens essa particularidade, um tanto extravagante,
que fortalece os laços. Acho graça. Fica-te tão bem, que ficarias a perder se
os deixasses, sossegados, no lugar devido. Seja qual for o valor que somemos,
importa o vagar como voltas e conduzes a tua vida. Este jogo é, como sabemos,
uma sombra disso. Não te canso mais com o meu discurso dotado de sensibilidade,
nem desgasto as tuas dioptrias. Até já!
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