A
Carolina descobriu que o Diogo só gostou dela porque a viu dançar sozinha,
descomprometidamente sozinha. Era fácil vê-la dançar por ali. Era difícil adivinhar-lhe
o passo seguinte. Quando ela puxava os cabelos, a cabeça e os ombros para trás,
ele mexia-se e, se quisermos, podíamos sentir-lhe a vontade de saltar do lugar
e segurá-la pela cintura magra. Aguentou-se. Na verdade, sugerimos-lhe que a
deixasse sossegar. Ela não deixou a dança quase toda a noite. Ele, exausto e
exasperado, lançou-se à pista. Até à semana passada. Até a Carolina descobrir
que o Diogo só ficou interessado porque ela dançava leve e segura, tão sozinha.
Sei os pormenores da dança, porque estava lá. Sei que já não dançam juntos,
porque estava lá. Sei que parece menor, mas os pormenores fazem a diferença,
ouvi dizer. As interpretações enviesadas acontecem. Boa sorte, Diogo. Boas
danças, Carolina.
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