Foram
rosas, senhor - Saltou do carro. Há um vento fresco, uma contabilidade dos dias
e das temperaturas tão irregulares que obriga a fingir que terminamos,
desalmadamente, mais um ano. Vem de caracóis ao vento, escuros e tão definidos
que sossegam o todo. Um casaco de mangas arregaçadas. Saltos altos, como
sempre. É regra. Os óculos escuros escondem a direcção do olhar, mas o rosto
esboça o sorriso de sempre. Já a vislumbrávamos, pela vidraça corrida, antes de
entrar. Chegou, pousou a mala e levantou os óculos de sol. Falou à sala e
cumprimentou quem a esperava. Dois beijos. Nem se lembra, tampouco, da moda do
beijo singular. Sentou-se e depois de pedir, de gargalhada fácil, contou que
havia recebido um ramo de rosas. Já tinha a jarra em repouso, à espera de lhas
receber. De agora em diante, meus amigos, nunca menos que rosas. Anuímos. E
gabamos o gesto do homem apaixonado.
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