Confunde-se
a iliteracia contextual com a procura, sem fim, de um carimbo de qualidade e de
certificação de um povo. É um fado que desvenda a sonoridade dos arrepios da
inevitável e inconsequente evolução de um ramo que não larga o tronco enraizado
numa cultura que respeita e canta desentoada temas mais ou menos
característicos e assertivos de ouvido, do tão afamado fado. Permitir que a
canção nacional toque no nosso leitor, sem que lhe apontemos graves dissonâncias.
Sem que, pelos primeiros acordes da guitarra tão portuguesa, nos desmotivemos.
É moda, contrariar essa corrente, ouvi e li algures. Em tantos textos de
opinião e em infindáveis entrevistas de nicho. Nas outras conversas, também.
Conversas de rua, de café, de amigos e de entretidos conhecidos. Ainda, nas
conversas descomprometidas em televisão, tão válidas pelo entretenimento a que
se propõem e que o espectador não nega. Antes desta vaga, houve dedicação, amor
e paixão. Formigas na voz, no peito e no corpo que desgrenhava veias como se
fossem cabelos soltos. Foi a verdade que ajudou a cimentar uma canção com
poemas de palavras vivaças e abatidas. As últimas, bem mais conhecidas e
usadas. Ouvir a versão de Ana Moura do tema “A Case of You”, onde a artista não foge, mas experimenta, enquanto
alguém esconde o rosto e parte de um corpo desnudado num lençol branco, é
sensualidade nacional. A excepção não remata o todo. Depois, seguem-se as
restantes faixas de “Desfado”. É um deleite para a irrequieta reformulação da
arte. Voluptuoso fado. Canção nacional.
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