Há
festa na aldeia. É filme e de inspiração certeira. Fora da grande tela, é
aldeia de um Portugal que se escuta no fado, que se lê nas demoradas palavras
de Eça de Queiroz e nas linhas estreitas e desformes de Fernando Pessoa. Relíquia
de um jogo de palavreado. Que se mostra esquecido, assim de quando em vez.
Tinha graça na moça. A que leva saia rodada à festa. Dela ouvir-se um bizarro
discurso cantarolado, ouvindo, ao fundo, uma guitarra. Há festa. Na aldeia que
vive no verão, apaga no sossego das restantes estações. É dormitório. Voltamos
à festa. Palco ao centro. Artes e sabores são o mote. Soa, desde cedo, o
popular dos tocadores. Uma voz arranhada e esforçada mede-se com o acordeão que
carrega nos braços. É cor espalhada nos enfeites que fazem tecto. Ainda há
rigor na farpela dos que lhe pertencem, à aldeia e à romaria. Ainda há novos e
velhos. Grupos que naufragam por águas diferentes. Mas partilham o murmúrio dos
dias. É regresso. Um ano de ausência, numa festa, a presença. É a lei do
distante. Do ausente.
Sem comentários:
Enviar um comentário