21.8.14

A aldeia veste-se de festivo fato.

Há festa na aldeia. É filme e de inspiração certeira. Fora da grande tela, é aldeia de um Portugal que se escuta no fado, que se lê nas demoradas palavras de Eça de Queiroz e nas linhas estreitas e desformes de Fernando Pessoa. Relíquia de um jogo de palavreado. Que se mostra esquecido, assim de quando em vez. Tinha graça na moça. A que leva saia rodada à festa. Dela ouvir-se um bizarro discurso cantarolado, ouvindo, ao fundo, uma guitarra. Há festa. Na aldeia que vive no verão, apaga no sossego das restantes estações. É dormitório. Voltamos à festa. Palco ao centro. Artes e sabores são o mote. Soa, desde cedo, o popular dos tocadores. Uma voz arranhada e esforçada mede-se com o acordeão que carrega nos braços. É cor espalhada nos enfeites que fazem tecto. Ainda há rigor na farpela dos que lhe pertencem, à aldeia e à romaria. Ainda há novos e velhos. Grupos que naufragam por águas diferentes. Mas partilham o murmúrio dos dias. É regresso. Um ano de ausência, numa festa, a presença. É a lei do distante. Do ausente.

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