A
rua é curta para tamanha caminhada. Tamanho grupo de pessoas que se ocupam a
passear. Das dezassete horas em diante, a rua fica composta de corpos. Moda de
rua, se preferirmos pensar no pousar o tempo no areal de uma praia Algarvia com
uma revista da especialidade ao lado. Um cliché, se procurarmos contar.
Vencida, por certo, pela revista de conteúdo magro, arraçada de cor-de-rosa.
Por seu turno, esta rua enche-se. Vão para lá, voltam para cá. Daqui de cima, a
vista privilegiada de quem toma uma bebida e se prepara para outro cliché,
morder mais um sunset. No verão as
questões são outras. As madrugadas querem insónias. As ruas querem pessoas. As
praias que oferecem bandeira de verde autorização. Do que vai colado ao colo,
ao velho que é um cofre de gritos de estórias. Cofre, por nunca lhe souberem o
código, por nunca o procurarem para ouvir. Neste desencontro de rua, morrem
tantas coisas. Pensas em morte, de gente ou de esperança, mesmo de um copo de
cor atraente na mão e boa companhia ao lado. Nunca te cansas de ver passar. A
agonia desatenta de quem nunca tem a graça de querer ler a satisfação de uma
rua carregada de almas. Que sina.
Confesso que as minhas férias favoritas são mesmo com pouca gente e com algum calor. O mês de Setembro é o meu favorito e este ano vou mesmo no início... Mas lembro-me das férias de Benidorm nos anos 80 como as últimas que fizemos em família completa, com pais, avós e tios e eu como a única criança. Aguentava-me desperta quase até de manhã e muitas eram as pessoas na rua. E confesso que tenho saudades :)
ResponderEliminarTambém não posso deixar de admitir que prefiro o sossego, ao movimento quase infernal em que se transformam, por estes meses, algumas zonas do país. Ainda ontem, falava disso mesmo, aproveitar o mês de Setembro, num rescaldo, ainda vivo mas tão mais leve, dos meses quentes e carregados de turistas. Por seu turno, tantas vezes, nem precisamos de sair da nossa cidade para viver o colapso de uma rua tão vivida :)
ResponderEliminarFérias como a que relataste, são a prova de que importa quem nos acompanha. Tão bom, enquanto a preocupação é continuar com eles. Saudades, bem sei como é :)