19.8.14

Algarve, posto de obrigação.

Fazer fotografia, ou fotografias, como se alguém as fizesse, é um puro deleite. Talvez, sem que perceba, me roube as palavras, as definições. As esconda antes de colocar rigor na conclusão do que é fotografar. Repetir-me, nessa e noutras questões. Samba na reprodução do repetido. As regras de um léxico que desvenda coisas. Também pessoas, lugares. Um léxico que treme como a lente. Que foca ou desfoca conforme o suporte e ligeireza de um corpo e mente sãos. Teimas, fazes escolhas. Procuras o enquadramento. Fixas pessoas, estratégias de um gosto tão pessoal. Como o negro e o branco. Outras, ganham na forte e infindável raça da cor. Agora, carregas no botão. E tens uma imagem. Num cinzento que tem brilho nos pontos certos. Um verão, num Algarve de requinte. Onde, à beira de uma piscina ou numa praia de água gelada, duas pessoas se sentam. Ela tem uma coroa de flores na cabeça, depois os cabelos caídos e secos do sol. Ele olha-lhe com o mesmo entusiasmo. Há tanto movimento ao redor, que parece mentira. Fazer fotografias ou o plural, é guardar e isolar. Guardar e resguardar. Precisamente para abrigar estes e outros momentos de futuros danos.

Sem comentários:

Enviar um comentário