Surge
uma lágrima antes do discurso. Cai, de seguida, outra. Depois outra. Até que os
olhos se desligam e perdem o controlo. Nunca mais interessa, assim se inicie a
libertação que não tem fim. É um confronto interno, imagino, antes das palavras
lhe saírem boca fora. Lá dentro, onde só ela conhece os meandros onde as
guarda, batem-lhe, enquanto as escolhe, no fundo. O coração é o órgão de múltiplas
situações. Mas é nele que se sentem as emoções. Como se a amargura de nada
combater, lhe ferisse de morte. Como se a dor fosse tão física. Que é, quando
se sente é porque é verídico. O coração está ali, mas quer, no desespero da
incapacidade de manter a calma, sair-lhe do peito. A voz levanta-se quando
mostram outro caminho. Errático, por sinal. Repele o confronto. A ironia de
persistir por medo. O descrédito de quem havia de a proteger. Desliga a
coerência. Persiste num jogo que não entende e que, neste instante, não tem fim
à vista. É uma obrigação que come o corpo até ao fim da carne. É uma
infelicidade que não fecha pela guerra de manter a felicidade de outro corpo.
É, por fim, perguntar o que é que quem a ouve acha que deve fazer. É, depois
disso, um silêncio. A ausência de palavras por não existirem. É, sem sombra de
dúvida, estar numa luta que é altamente acerba.
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