Sugestões
de semana a meio. Diz o povo, corta o tempo e passa rápido. Jantar numa
quarta-feira, é comer os dias. Romper com a ansiedade de um fim que ainda
parece demorar. Sabedoria de um popular que finge ser menor. Seja num inverno
rigoroso, seja num verão de tanto calor. No frio, procuram-se as cores para
contrariar. No lusco-fusco da rua vazia. Dão o braço e caminham confiantes. Conta
a menina ao menino, veste a saia até ao joelho. Disfarça e parece um vestido.
Cidade antiga, não é Lisboa. É como a saia, do joelho para baixo, fosse este
país um corpo. Rua antiga, como a cidade despida. É noite carregada. Conta o
menino à menina, gosta do preto e branco. As tonalidades vincadas. Tão marcadas
que não esquecem as rugas. A expressão. Como no quadro que está naquele salão. Ou
nas pessoas que parecem o dobro, por se repetirem em cada espelho corrido. Lá
ao fundo, centrado. As janelas fazem parelha. Recebem no espaço composto.
Sugerem a mesa que ganha com o talento que está na parede. Sentados, ficam
marionetas autênticas. Aqueles braços que adivinham estar a gesticular,
enquanto comandam um fio que ninguém vê. Sem que te esforces muito, fazes uma
fotografia que conta a mesma história. Assume o papel e posiciona-te como se
fosses refém do comando. Fazemos de conta que ninguém vê. Agora! Disparou. Está
feito. Por uma vez, fingindo um boneco que se mexe à mercê de um cordel por
alguém gerido. Não é, por certo, no sentido figurado. Rimo-nos sem fim.
Ocupam-se os dias com muito mais do que responder. É diferente quando assumimos
as rédeas. Mesmo que, por um fio invisível, adestrados.
O importante é não largar das redeas =). Ai saudades de comer dias assim
ResponderEliminarNada,
EliminarLembrava-me das saudades enquanto escrevia este texto. Voltar a comer os dias, desta ou de outra forma, não deixa de ser, putativamente, uma necessidade de fugir às saudades. Seja do ou de quem for. Seja neste ou noutro contexto. E assino, o importante é não largar as rédeas :)