Como
em tudo na vida, a verdade existe sempre, mas não deixa de vestir-se de uma
máscara, tantas vezes, bem mais ardilosa e rebuscada do que o mote, a verdade.
E não é diferente num bar de Portugal que imita os pubs antigos. Os verdadeiros, os britânicos. Com o comércio de
bebidas alcoólicas sem fim. Encontramo-nos lá. Fui com companhia. Estavam,
entre outros tantos, duas pessoas no balcão, que nos esperavam, como haviam
passado a indicação. Duas mulheres portuguesas, no espírito da comunidade
estrangeira que dinamizava o espaço. Que barafunda pegada. Uma confusão
desmedida. Menina liberal de escola interna, de faculdade livre e educação
apertada. Solteira por convicção na rua. Solteira por falta de oferta real, no
conforto da intimidade. Conta sem maldade. Com um copo na mão, depois outro. É
amor num dia, é carnaval no outro. Era a vida dois dias, o carnaval três. Má
sorte, lembrava ela enquanto se lamentava, pois estragaram-lhe o ano com a
união das datas. É mais fácil investir na ilusão. Soltou um foda-se e seguiu – Logo hoje que a minha mãe me lembrou que uma
mulher e jornalista nunca anda mal-amanhada e desprevenida. Caso-me com um
secador de cabelo e uma máscara para as pontas. - Vai presa por bigamia.
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