16.2.15

Casamento para tirar proveito.

Como em tudo na vida, a verdade existe sempre, mas não deixa de vestir-se de uma máscara, tantas vezes, bem mais ardilosa e rebuscada do que o mote, a verdade. E não é diferente num bar de Portugal que imita os pubs antigos. Os verdadeiros, os britânicos. Com o comércio de bebidas alcoólicas sem fim. Encontramo-nos lá. Fui com companhia. Estavam, entre outros tantos, duas pessoas no balcão, que nos esperavam, como haviam passado a indicação. Duas mulheres portuguesas, no espírito da comunidade estrangeira que dinamizava o espaço. Que barafunda pegada. Uma confusão desmedida. Menina liberal de escola interna, de faculdade livre e educação apertada. Solteira por convicção na rua. Solteira por falta de oferta real, no conforto da intimidade. Conta sem maldade. Com um copo na mão, depois outro. É amor num dia, é carnaval no outro. Era a vida dois dias, o carnaval três. Má sorte, lembrava ela enquanto se lamentava, pois estragaram-lhe o ano com a união das datas. É mais fácil investir na ilusão. Soltou um foda-se e seguiu – Logo hoje que a minha mãe me lembrou que uma mulher e jornalista nunca anda mal-amanhada e desprevenida. Caso-me com um secador de cabelo e uma máscara para as pontas. - Vai presa por bigamia.

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