Fecha
os olhos, compreende enquanto escutas e sentes, aquilo que te chega e se
propaga corpo acima, corpo abaixo. Enquanto leve, sem maneiras e funcionalismos
do pensamento, ela leva as mãos ao cabelo arrumado. Contudo, cabelo da moda,
mesmo arrumado, denuncia uma flagrante e nada inocente desarrumação. Enquanto ela
veste o seu casaco com quadradinhos sem fim. Enquanto se perde num passeio ao
ar livre, sobre as suas botas rasas. Enquanto permite que partilhes a cama com
ela mais do que uma noite. Ainda que, todas as noites inteiras sejam tão pouco.
Enquanto ela se preocupa em dar-te a conhecer o melhor que já lhe passou. Sabendo
que uma relação inteira proporciona, por demais, pouco tempo para dispensar uma
mostra da prosa e poesia que lemos, das peças sobre as tábuas de um teatro e da
arte em geral que se multiplica pelo cinema, museus ou na rua de um país. Tudo
o que adquirimos, aprendemos, vimos, vivemos e intuímos juntos. Tudo isto é o
amor a propagar. Mesmo sem palpitarmos. Perdemos um tanto, se olharmos para o
lado. Perdemos a faculdade do amor, se não sentirmos o verdadeiro. O entusiasmo
de ontem.
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