Parcimónia silvestre, num travo doce. Amarga
surpresa, travessura agreste. Tem nome com cheiro, se quiser pensar. Tem o tom
de voz equilibrado, se quiser ouvir. Tem o toque certo na pele, se quiser
sentir. Tem aromas sem fim. Tem olhar atento. Joga com as metáforas, compara
com a simplicidade da insanidade. Rima e, em tempo algum, havemos de ter outra
certeza. Destrói o conceito, insiste na reacção. Fala com a boca, mas quem
pensa é o coração. Tem fuga nas entrelinhas, mas escreve fortaleza com os
olhos. Fala fluentemente, opina com densidade. Eloquente diária, o pensamento
da idade. Não tem definição, não sei se é amor ou paixão. Tinha eu, num passado
tão presente, a certeza de que rimar com frequência ou particularizar feitios
era sinal de paixão de arromba ou de flagrante demência. Questiono-me sobre a
intimidade da desfocada definição. Olho para ela e escrevo sem pensar.
Ambiciono uma qualquer dança nesta troca. Em tempos, rir-me-ia da banalidade e
franqueza das palavras. Havia de poupa-las, para não estragar. Não brinques com
a entrega alheia. Homem bom recebe o dobro. Havia de segreda-las para não
gastar. Olho para ela e escrevo sem as ideias ordenar. Escreve, jovem rapaz.
Olha para ela e guarda a paz. Não é fácil amar ou apaixonar sem a razão sofrer
e melindrar.
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