31.3.15

Encher de letras o entusiasmo.

Parcimónia silvestre, num travo doce. Amarga surpresa, travessura agreste. Tem nome com cheiro, se quiser pensar. Tem o tom de voz equilibrado, se quiser ouvir. Tem o toque certo na pele, se quiser sentir. Tem aromas sem fim. Tem olhar atento. Joga com as metáforas, compara com a simplicidade da insanidade. Rima e, em tempo algum, havemos de ter outra certeza. Destrói o conceito, insiste na reacção. Fala com a boca, mas quem pensa é o coração. Tem fuga nas entrelinhas, mas escreve fortaleza com os olhos. Fala fluentemente, opina com densidade. Eloquente diária, o pensamento da idade. Não tem definição, não sei se é amor ou paixão. Tinha eu, num passado tão presente, a certeza de que rimar com frequência ou particularizar feitios era sinal de paixão de arromba ou de flagrante demência. Questiono-me sobre a intimidade da desfocada definição. Olho para ela e escrevo sem pensar. Ambiciono uma qualquer dança nesta troca. Em tempos, rir-me-ia da banalidade e franqueza das palavras. Havia de poupa-las, para não estragar. Não brinques com a entrega alheia. Homem bom recebe o dobro. Havia de segreda-las para não gastar. Olho para ela e escrevo sem as ideias ordenar. Escreve, jovem rapaz. Olha para ela e guarda a paz. Não é fácil amar ou apaixonar sem a razão sofrer e melindrar.

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