A
boa gente não se perde, tampouco se esquece. Os bons amigos partilham clubes
rivais, muito menos outras coisas. Discute-se sobre o Benfica, os seus e os
fracos resultados. Acredita-se com a fé de quem é adepto. Discutem-se medidas
que urgem. Não se maldiz, que cai mal. Mas pede-se coerência, mudanças no
terreno. Jogar-se nas quatro linhas com o poder e a confiança que se esquece
fora delas. Sugerem-se mudanças de posição, até mesmo de jogador. Lamenta-se a
actualidade, não se esquece o passado. Surgem gordas nos jornais, caras
lavadas, mãos sujas pelo que por elas vai passando. Lembrei-me, a propósito, do
antigo compincha de mesa de café, que lia o jornal todos os dias. Uma e outra
vez, se necessário. Que, bem me lembro, algumas letras e palavras lhe custavam
a entrar. Do Benfica, sempre o discurso mais sincero. A alma deste homem envolve-se
com a essência de adepto. Às vezes, de voz no tom certo, desdenhava as
actuações, mas não passava da necessidade de arremedar outras núpcias. Muito me
diverti com ele, nessas conversas avermelhadas sem fim. Nisto, fica-nos o amor
e a cabana. Havemos sempre de a eles voltar. Agora, em frente ao espelho. Ensaiei
o nó da gravata, mantive o colarinho subido. Cansei-me da ideia. Mas há sempre
quem mereça a pena justificada. Amigos porreiros, tipos convictos. Mesmo que
vista verde e branco e cante as suas razões. Nó impecável, fato escolhido a
dedo. Embora jogar. E que a sorte dite as regras de um futuro que se espera feliz.
Ide, ide.
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