Ouve-se
o som típico da rolha a saltar. O vinho há-de descansar. Arregaçam-se mangas de
camisa. Deixam-se de fora os botões de punho. Não faltam as t-shirts simples, a
ganga sempre amiga. Gosto do amor descomprometido, lixado às vezes, conforme as
vontades e disforme conforme as necessidades. Gosto daquele amor que pisa as
entranhas, do mesmo que repele as palavras bonitas. Gosto do amor que faz
sentir, vibrar em cada toque. Mesmo que do outro lado esteja um argumento de
direita ferrenha. Gosto do amor que tem sexo e do sexo que só pode ter amor. Gosto
do amor que tem fim, porque gosto ainda mais do amor que tem principio e meio.
Não foram, taxativamente, estas as suas palavras, mas ele permitir-me-á brincar
com o vocábulo que expressa sentimento, dar-lhe volume e corpo. Este é o tipo
que já calçou VANS, como se o mundo
fosse aquilo. Ainda os calça, que insistimos nos ténis. Aprecio, sem desmérito,
ouvi-lo dissertar sobre o amor. Partilhamos, nesta matéria como noutras, alguns
pontos conexos, outros nem tanto. Somos amigos, em suma. Anda, há largos meses,
a catrapiscar uma jovem senhora. Bonita, de torneados atraentes. Uma defensora
acérrima da sua posição política. Para ele, uma dor de cabeça das antigas. Até
ao momento em que percebeu grande parte do que falámos nessa noite e que,
inopinadamente, aqui publico. Só gosta do amor porque, primeiro acontece,
depois porque exige partilha. O argumento de direita que está do outro lado é,
por agora, o motor disto tudo. Nunca, em tempo algum, sequer se imaginou que
uma coligação tão inusitada quanto esta resultasse tão bem. O amor acontece,
pelo menos, até ao fim da citação.
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