Muita saúde e sorte é o que lhe desejo - Doravante foquemo-nos no
adágio que apregoa o horário bem matutino e aos seus benefícios. Oiço um bom
dia lá ao fundo. O sono vem acompanhando os meus passos desde manhã cedo.
Parece mal, assim ao jeito de quem procura o espaço e a cadeira certos para fazer
da cama um lugar melhor. Assumir o sono que não dormiu, confrange a sociedade e
a obrigação das maneiras bem pausadas e pautadas. Parece-se com a ideia tão
estapafúrdia de querer uma cadeira à cabeceira. Duas, diferentes e, se
possível, datadas. Compô-las com o tempo. Quão blasé me tornaria – em descasos,
ainda mais - se optasse por confundir e difundir ideias desordenadas, imitando
uma mímica repetida, ignorando o tédio ao redor. As pessoas passam em grande
número e falam alto, na televisão da moda passa um vídeo pop onde as ancas da jovem torneada se mexem com afinco e
açambarcam o ecrã, o miúdo vem de rosto lavado em lágrimas porque não comeu o
terceiro bolo, um casal vestiu-se para o casamento do ano mas age como se
vivesse entre a espada e a parede. Um outro casal, bem mais vivido, leva as
mãos enlaçadas, sorriem e apontam curiosos para um pequeno pássaro que está
pousado entre os verdes. Casal que, sinceramente, me apeteceu fotografar.
Homens apressados carregam caixas pesadas para lá, voltam para cá, e repetem a
acção. Os saltos altos soam na calçada e os chinelos ainda são a maioria. O
acordo ortográfico, que degrada um tanto do léxico e foi vilmente imposto, come
as páginas por onde passo os olhos. Esta compilação provém da desdita que
resulta da luta mental em favor do cidadão activo. Tudo isto e mais um par de
óculos de sol.
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